A COZINHA MARAVILHOSA DE OFÉLIA ANUNCIATO
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RECEITA DE SUCESSO DE OFÉLIA ANUNCIATO
Escrito por Carolina Arêas e publicado pelo Jornal do Brasil (16/01/98)
Quituteira completa quatro décadas no ar.
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Ofélia é que é mulher de verdade. E ninguém nunca passou fome ao seu lado. De grão em grão, tempero em tempero, toucinho em toucinho, a cozinha maravilhosa de Ofélia Anunciato completa 40 anos de televisão, conferindo-lhe o título de mais antiga apresentadora de culinária da televisão brasileira. "E foram 40 anos ininterruptos", orgulha-se Ofélia.
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O gosto pela cozinha veio cedo. Aos 8 anos puxava um banquinho de madeira e se debruçava sobre o fogão da fazenda da família em Garça, interior de São Paulo. "Mamãe morria de medo de eu me queimar. Ficava sempre por perto", lembra, rindo. Aos poucos, os quitutes começaram a ser desejados por toda a família.
Profissionalmente, Ofélia começou com a coluna diária Um docinho para mamãe, no Tribuna de Santos, em que, por nove anos, ensinou a petizada a preparar petiscos. Estreou na TV numa emissora que transmitia apenas para o litoral paulista. A primeira receita foi um tender à califórnia. "Não havia tender no Brasil. O dono da emissora, Vitor Costa, trouxe da Argentina", recorda. Pouco depois foi convidada a ir para a TV Tupi, onde ficou 10 anos.
Há três décadas pilota A cozinha maravilhosa de Ofélia na Bandeirantes, apresentado atualmente de segunda a sexta, às 10h15. E só repetiu as receitas muito pedidas pelo público, como o bolo de chocolate e rum e as rosquinhas de São João. "Tem também uma bacalhoada que é tiro e queda", diz, calculando, por alto, que tem no caderninho cerca de 20 mil receitas.
Para engrossar o caldo da criatividade, Ofélia pesquisa e viaja o mundo todo. Nos 14 livros que levam seu nome, ensina os segredos das cozinhas brasileira, portuguesa e italiana. No ano passado, foi premiada com o Jabuti na categoria Produção Editorial, com Ofélia, o sabor do Brasil. "Na Feira de Livro de Frankfurt, o livro foi considerado um dos 13 mais lindos do mundo", festeja.
"A cozinha brasileira é a mais farta do mundo", diz, puxando a brasa para sua sardinha. E revela que, apesar dos pratos típicos baiano serem os mais conhecidos dentro e fora do país, a cozinha capixaba é a melhor, em sua opinião. "É leve e saborosa", define.
E não nega fogo quando precisa cozinhar em casa. "Nas comemorações de família, divido o fogão com minha filha." Só não tem paciência para as várias festas para as quais é convidada. É que, sempre que chega, é cercada por pessoas que querem falar de, exatamente, comida e televisão. "Estou enjoada disso. Não dá nem pra comer em paz", ri.
Nestes 40 anos de fogão, Ofélia nunca perdeu a ordem na frente da televisão. "Sou muito organizada. Nunca deixei cair uma colher de chá no chão", garante. E até hoje vibra com o que acontece ao fim de cada programa: "É só apagar a luz da gravação que o estúdio lota. Todo mundo quer comer o que preparei."
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NOTA
A culinarista Ofélia Anunciato faleceu no dia 26/10/98, no mesmo ano em que esta reportagem foi publicada. Ela morreu por decorrência de um infarto do miocárdio.
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Foto: Museu da TV
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