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sábado, 29 de agosto de 2009

REDE MANCHETE APRESENTA: MÃE DE SANTO
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Por Walter Cerqueira
walter_cerqueira2@yahoo.com.br

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Uma das características da infelizmente extinta Rede Manchete de Televisão certamente foi a ousadia e espírito pioneiro de estar sempre um passo a frente das demais emissoras de sua época. Detentora de grandes sucessos como as telenovelas Pantanal, Dona Beija, Ana Raio e Zé Trovão, dentre outras, a emissora deu um grande passo com a produção da minissérie Mãe de Santo, da autoria de Paulo César Coutinho e dirigida por Henrique Martins, exibida de 09 de outubro a 2 de novembro de 1990 às 22:30 e reprisada de 18 de maio a 09 de junho de 1992.
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Apesar da pouca repercussão segundo os números do Ibope e da crítica ter considerado a serie confusa por não ter uma trama central (cada episódio tratava de uma trama isolada), esta minissérie foi e é muito bem aceita pelo chamado povo de santo (adeptos das religiões de matriz africana como Candomblé e Umbanda), e é comercializada até hoje sob forma de DVD em vários sites da internet, além de ter os vídeos disponibilizados no site YouTube e em outros sites para download. Isto é uma prova de que a tal “baixa repercussão” é questionável.
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A maior contribuição da Rede Manchete com esta minissérie na história da televisão brasileira foi o primeiro beijo homossexual masculino, no décimo primeiro episódio, que contava a história de Lucio e Rafael (interpretado por Daniel Barcelos), embora a Rede Globo insista que tal beijo ocorreu na minissérie Queridos Amigos em 2008. Um aspecto relevante sobre o homossexualismo que foi retratado na trama da Manchete consistiu em associá-lo a aspectos arquetípicos da mitologia dos Deuses Africanos (os Orixás), deixando a mensagem de que a diversidade sexual está na Terra desde que os homens existem, e que tal diversidade deve ser respeitada. E este beijo, além de homossexual foi inter-racial, entre um negro e um branco, levantando mais uma vez a questão do racismo existente até hoje no Brasil.

Além da questão do homossexualismo a minissérie abordou outros temas polêmicos como a AIDS, no episódio ligado ao orixá Omolu, relações entre uma mulher mais velha com um homem mais novo, no episódio de Oxumarê, traição e “bigamia”, no episódio de Nanã, intolerância religiosa no episódio de Oxalá entre outros.


Cenas do episódio Nanã, que trata da questões como bigamia, traição e perdão tendo como base um mito que fala do triângulo amoroso dos orixás Nanã, Oxalá e Iemanjá.
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A minissérie apresentou uma boa pesquisa sobre a mitologia dos Deuses Africanos e rituais tradicionais do Candomblé, associando-os a fatos do dia-a-dia abordados nas tramas de cada episódio, sem ter caráter doutrinário ou de menosprezar outras propostas religiosas.
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