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sábado, 30 de outubro de 2010

































DANCIN' DAYS - REVISITADA
Os Embalos de Júlia Matos 32 anos depois.


por Guilherme Staush



Algumas novelas são sempre lembradas por causa de suas tramas centrais; outras por conta de personagens ou atuações marcantes, e há ainda as que são lembradas pelo modismo que criaram ou ajudaram a proliferar na época em que foram exibidas. “Dancin’ Days” certamente está classificada nesta última categoria. A novela escrita por Gilberto Braga e dirigida por Daniel Filho e Gonzaga Blota, exibida no horário das 8, em 1978, pela Rede Globo, é , na maioria das vezes, lembrada pelos agitos da discoteca Frenetic Dancin’ Days, do personagem Hélio, interpretado por Reginaldo Faria. Embora as meias de lurex, óculos de gatinha, e roupas coloridas tenham servido apenas como adereços totalmente irrelevantes às tramas da novela, não há como não lembrar do show de dança da personagem de Sônia Braga juntamente com o dançarino Paulette, que fez parar a referida discoteca.
Era a moda transcendendo a trama da novela.

Entretanto, “Dancin’ Days” foi muito mais do que uma novela que acompanhou o sucesso do filme Os Embalos de Sábado à Noite, com John Travolta. A trama apresentou personagens marcantes, densos e diversas cenas emocionantes, reflexo de um texto muito bem escrito, em uma época em que se valorizava mais o ator, e os personagens tinham bem mais conteúdo. Se por um lado, muitos dos personagens (incluindo os protagonistas) da novela eram insatisfeitos, angustiados, depressivos - o que se tornaria uma marca do autor Gilberto Braga, pelo menos em suas duas novelas seguintes: Água Viva e Brilhante - por outro, eram pessoas que não mediam esforços para ir em busca da felicidade, ainda que metendo os pés pelas mãos nessa tentativa.



A ANGÚSTIA DOS PROTAGONISTAS

Júlia Matos (Sônia Braga) foi condenada a 22 anos de prisão por se envolver em um assalto a um armarinho que vendia lança-perfumes, e, durante sua fuga, teve o azar de atropelar e matar um homem. Depois de cumprir metade da pena, ela ganha liberdade condicional. Só então ela descobre que sua sentença não foi só passar um longo período na penitenciária, mas conviver diariamente com as feridas que marcaram a sua vida no passado: ela teria que percorrer um longo caminho até ser aceita pela sociedade, vencendo as barreiras do preconceito e da intolerância. Seu maior objetivo seria aproximar-se e conquistar o amor da filha que teve aos 17 anos, Marisa (Glória Pires).

Carlos Eduardo (Cacá) (Antônio Fagundes) é um diplomata frustrado que vive em Brasília, longe dos pais Franklin (Cláudio Corrêa e castro) e Celina (Beatriz Segall) e do irmão caçula Beto (Lauro Corona). A fraqueza e a falta de determinação de Cacá fizeram com que o ele seguisse uma carreira imposta pela mãe. Profundamente infeliz, sem obter realização no trabalho e no amor, ele resolve abandonar a carreira da diplomacia, voltar ao Rio de Janeiro e fazer um teste vocacional, para desespero dos pais, ainda que beirando os 30 anos de idade. Na verdade, os problemas emocionais de Cacá vão muito além. O rapaz não aceita a condição financeira e social da família e quer construir sua vida, ainda que medíocre, com seu próprio esforço, ainda mais quando se vê apaixonado por uma misteriosa mulher, a quem ele passa a chamar de “gata”. Na verdade, a tal “felina” é Júlia Mattos, que por receio de ser rejeitada, oculta seu nome e seu passado.

Yolanda Pratini (Joana Fomm) é a irmã de Júlia. Uma alpinista social (figura que se tornaria recorrente nas novelas do autor) que viu em seu casamento com Horácio (José Lewgoy) a segurança financeira e a entrada para a alta sociedade carioca.
Foi Yolanda quem criou Marisa após Júlia ter sido presa. O excesso de proteção e uma educação superficial, sempre atendendo aos interesses pessoais de Yolanda, fizeram de
Marisa uma pessoa mimada, fútil, infantil e desprovida de cultura. De fato, Yolanda preparou “a filha” para fazer bonito como uma mulher de sociedade, falando vários idiomas, aprendendo a se portar bem à mesa, a conversar sobre diversos assuntos, e
principalmente caçar um homem rico, e Yolanda não hesita em jogar a filha nos braços (e na cama) de Beto (Lauro Corona), de quem Marisa engravida com apenas 17 anos de idade, mesma
idade que sua mãe legítima tinha quando engravidou dela, e, dessa forma, consegue fazer com que a filha se case com o um rapaz de família rica. Porém, o casamento de Marisa e Beto é um verdadeiro desastre, pois ele, assim como Marisa, só quer saber de curtir as coisas boas da vida e não tem o mínimo de maturidade e responsabilidade para criar um filho.
Mais tarde Beto encontra a felicidade nos braços da madura Verinha (Lídia Brondi), por quem, de fato, sempre foi apaixonado.
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O grande erro de Júlia talvez tenha sido querer se igualar a irmã para tentar conquistar o amor de Marisa. Júlia vê na ascendência social a porta de entrada para sua almejada aproximação com a filha, e através do ingênuo, tímido e apaixonado Ubirajara (Ary Fontoura), ela consegue viajar para a Europa com sua amiga Solange (Jaqueline Laurence), e tomar um banho de loja e de cultura, voltando para o Brasil completamente modificada. A humilde e carinhosa Júlia dá lugar a uma mulher sensual, decidida e com uma leve arrogância como arma de defesa.
Ao mesmo tempo em que acontece a ascendência social de Júlia Mattos, a vida de Yolanda desmorona quando esta pede o divórcio para o marido por não aguentar mais conviver com ele, sustentando um casamento que sobreviveu de aparências durante 20 anos. As dificuldades financeiras de Yolanda e a rejeição de Hélio (Reginaldo Faria), por quem ela é apaixonada, dão início a derrocada da personagem.
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GAROTA-CABEÇA

Com o afastamento de Júlia, Cacá conhece Inês (Sura Berditechewsky). Filha de Áurea (Yara Amaral) e Aníbal (Ivan Cândido), ela é uma moça liberal, inteligente e bem a frente de seu tempo. Inês claramente não quer seguir os mesmos passos da mãe e se tornar uma dona de casa, dependendo financeiramente do marido, e tendo que pedir permissão até mesmo para ir à praia. Muito mais do que um bom casamento, Inês almeja, acima de tudo, terminar sua faculdade e conseguir um bom emprego para tornar-se uma mulher independente, e esta foi a razão do rompimento de seu noivado com Raulzinho (Eduardo Tornaghi), um jovem e promissor médico, que viaja para a Amazônia, sozinho, frustrado pelo fato de Inês não tê-lo acompanhado.
O relacionamento de Cacá e Inês foi mais uma afinidade intelectual do que amorosa. Ele admirava as idéias transgressoras e a inteligência dela, e ela, por sua vez, admirava os ideais do rapaz rico que abandonava uma carreira promissora e rejeitava sua condição social. Na verdade, Cacá sempre foi apaixonado por Júlia, e Inês por Raulzinho. O relacionamento dos dois foi uma válvula de escape para ambos.


A ELEGÂNCIA DECADENTE DE UM NOBRE PLEBEU.

Alberico Santos é um velho morador da zona sul do Rio de Janeiro. Marido de Estér (Lourdes Mayer) e pai de Carminha (Pepita Rodrigues) e Áurea (Yara Amaral), ele vive em um mundo completamente fora de sua realidade, e as dificuldades financeiras da família jamais o preocuparam. No passado, Alberico ficou bastante conhecido por promover bailes bem sucedidos para a alta sociedade carioca, o que lhe renderam algumas amizades de prestígio. Porém, aos 70 anos de idade, Alberico é um sonhador, capaz de ter as idéias mais disparatadas, e não hesitar em aplicar um dinheiro que não tem a fim de realizá-las. Ele inaugurou a primeira empresa carioca para formadores de copeiros, por exemplo, que não tardou a ir à falência, além de tentar levar adiante um projeto mal elaborado de criação de rãs.
Para Alberico, não havia crise financeira. As pessoas se preocupavam demais com dinheiro. Sua elegância e sua fineza jamais lhe permitiam preocupar-se com assuntos de pouca importância. Eram coisas muito pequenas, “coisas de gentinha”, como costumava dizer, para desespero de sua família.

Apesar de ser um velho de difícil convívio, Alberico é extramente carinhoso com a mulher e os filhos. O ator Mário Lago (1911 – 2002) defendeu magistralmente este maravilhoso personagem. É dele e Lourdes Mayer uma das cenas mais emocionantes da novela: após uma festa de comemoração de 50 anos de casamento, ele e a mulher, sozinhos na sala de seu apartamento, dançam e relembram quando se conheceram, repetindo os mesmos diálogos daquela época.
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UM GRANDE PAPEL PARA UMA GRANDE ATRIZ

Outro grande destaque da novela foi a personagem Áurea, muito bem defendida pela saudosa Yara Amaral (1936 – 1988). Ela é irmã de Carminha (Pepita Rodrigues), mãe de Inês, e tem um casamento infeliz com o mulherengo Aníbal.
Áurea é do tipo que se anulou completamente como mulher, como ser humano, em favor de um casamento de aparências. Mesmo conhecendo bem o marido que tinha, ela não hesitava em dizer que ele era um marido maravilhoso e um chefe de família exemplar. Com a morte prematura de Aníbal em um acidente de carro, ela se vê obrigada a tomar conta dos negócios da família, tomar decisões e a trabalhar em um cargo público para sustentar a casa, já que o marido deixou mãe e filha em péssima situação financeira. As dificuldades de Áurea começam quando ela se mostra completamente despreparada para a vida. Assim como a maioria das mulheres da época, só havia sido educada para ser uma mulher do lar, assim como sua mãe.
O envolvimento amoroso de Áurea com um misterioso homem, que mais tarde ela descobre ser casado e pai de três filhos, agravaram a situação neurológica da personagem, que acaba sendo internada para fazer um tratamento psiquiátrico. Aliás, nunca uma novela explorou tanto a análise psiquiátrica como Dancin’ Days. O protagonista Cacá também recorreu à análise e teve inúmeras cenas com suas infindáveis sessões sendo retratadas. Yolanda também se recolheu a um tratamento ao romper o relacionamento com Hélio.
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UMA SECRETÁRIA PSICOPATA E UM ADVOGADO MAU CARÁTER

Franklin Cardoso (Cláudio Corrêa e Castro) é um advogado bem sucedido, que casou com Celina (Beatriz Segall) por interesse. É pai de Cacá e Beto, e vive um casamento conturbado por causa da insegurança e desconfianças da esposa.
Depois da morte de Celina, Franklin vê a chance de se aproximar de Carminha, por quem é apaixonado, mas vê seus planos desmoronarem ao se confrontar com a secretária Neide (Regina Vianna), que assume a personalidade de Celina, e passa a chantagear Franklin, já que possui um documento de Celina que incrimina o advogado.
Neide passa a se vestir com as roupas de Celina, a usar o mesmo penteado, e a agir como a ex-patroa. Apaixonada por Franklin, ela exige que ele se afaste de Carminha.
Interessante observar que o comportamento de Neide faz com que ela pareça ter sido apaixonada por Celina, e não por Franklin, pelo fato de assumir a personalidade dela e de contemplar a ex-patroa em excesso, pois não faria sentido ela tentar conquistar Franklin assumindo a personalidade de sua esposa, visto que o advogado rejeitava tanto a mulher.

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UM AMIGO PARA TODAS AS HORAS E A REVELAÇÃO DO SEGREDO DE FRANKLIN.

O documento que incrimina Franklin é finalmente retirado das mãos de Neide com a ajuda de Jofre (Milton Moraes), o amigo de todas as horas de todos. Ele finge interessar-se por Neide, e, aos poucos, ela entrega todos os seus segredos, inclusive o documento deixado por Celina.
O advogado, querendo dar o golpe do baú em Celina, e estando próximo de casar-se com ela, entrou de conchavo com um amigo, e ambos falsificaram uma certidão de nascimento para ganhar dinheiro com a morte de um homem rico e sem herdeiros. O pai de Celina descobriu tudo após o casamento da filha, mas o escândalo foi abafado, restando um documento escrito por Celina que denunciava o marido.
Jofre fez tudo por amor a Carminha, por quem foi rejeitado no passado. Ela estava prestes a abandonar sua vida no Rio de Janeiro para viajar com o advogado para o exterior, sem nem mesmo saber o porquê dessa fuga repentina dele. Obviamente, Carminha reconhece que Jofre sempre foi o homem de sua vida.
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AS VÍUVAS DA MIGUEL LEMOS E UM SOLTEIRÃO MUITO ESTRANHO

Nem todas eram viúvas, mas Alzira (Gracinda Freire), Solange (Jaqueline Laurence), e Emília (Cleyde Blota) formavam um time de mulheres em busca de um príncipe encantado nas agitadas areias de Copacabana.
É impossível , pelo menos para mim, falar de Dancin’ Days sem mencionar a personagem Alzira, uma das mais engraçadas personagens da novela. Ainda que com um passado triste, a viúva, irmã de Jofre, não se deixava levar pelas dificuldades da vida, e parte para cima dos solteirões da novela com todo seu “charme e discrição”. Extremamente pão-dura, gritona, espalhafatosa, e sem senso do ridículo, Alzira rendeu os melhores momentos de humor da novela. Foi agraciada com um final feliz: terminou nos braços do rico Ubirajara (Ary Fontoura), um homem cheio de mistérios, que, no início da novela, acreditava-se que fosse homossexual por interessar-se por fotos de homens sarados da academia de ginástica da qual era proprietário. Mais tarde, porém, descobre-se que ele usava essas fotografias para corresponder-se com mulheres, já que era um homem muito tímido e desprovido de beleza exterior. Na verdade, ele colecionava fotos de mulheres nuas em sua sala particular da academia, e era apaixonado por Júlia, com quem quase se casou no decorrer da novela.
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O AMIGO MAIS FIEL DA ALPINISTA SOCIAL

Everaldo (Renato Pedrosa) não era só o mordomo exemplar da socialite Yolanda Pratini, mas seu amigo mais fiel. Talvez o único. Apaixonado por Greta Garbo, ele via na patroa o retrato de sua diva.
Everaldo sabia de todos os segredos da patroa. Era seu confidente mais fiel. Mesmo com as dificuldades financeiras de Yolanda, ele jamais a abandonou.
É com ele que Yolanda compartilha um dos momentos mais ternos da novela: Everaldo senta-se à mesa com Yolanda durante a ceia de natal e lhe dá um presente, um singelo anjinho musical, além de confessar toda a sua devoção a ela. Um dos raros momentos de humanização da personagem Yolanda, que chora com o gesto humilde do fiel copeiro.
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AS ATRIZES NEGRAS DA NOVELA

Chica Xavier (Marlene) e Neuza Borges (Madá) representaram as atrizes negras da novela. Em uma época onde a teledramaturgia já havia dado o seu primeiro passo para retirar os atores negros da cozinha (Milton Gonçalves já havia interpretado um médico na novela Pecado Capital), a novela não apresentou grandes inovações nesse sentido. A primeira era uma empregada doméstica na casa de Alberico, que a chamava “carinhosamente” de bruxa velha. A segunda, uma ex-presidiária, companheira de Júlia na penitenciária, que acaba virando cantora no final.
Estranhamente, por vezes era possível observar um discurso racista através dessas personagens . Em uma determinada cena, por exemplo, a personagem de Chica Xavier recebe a incumbência de ir ao banco descontar um cheque para Carminha. A empregada, então, argumenta: “Ah! A senhora sabe que eu detesto ir ao banco. Sempre que eu entro lá ficam me olhando meio esquisito, pensando que é assalto”. O que deveria soar como uma crítica, chega ao telespectador como uma piada.
Em outra cena, indagada por Júlia que tipo de trabalho Madalena arranjou após ser posta em liberdade, ela resmunga: “Ah! Empregada doméstica, né? O que mais poderia ser?”
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FINAL FELIZ

Após Marisa descobrir quem é seu verdadeiro pai, um sujeito bronco, que trabalha em um posto de gasolina, e, sem coragem de se aproximar dele, e, também pelo fato de entender o que significava ter a responsabilidade de ser mãe aos 17 anos, ela perdoa a mãe.
Júlia e Cacá se reconciliam após Franklin ter separado os dois, argumentando que Cacá havia desistido da carreira pelo fato de Júlia ser uma ex-presidiária, e culpá-la por afundar a vida do rapaz. Mas Júlia, como toda a heroína que se preza, deixou a vingança de lado, e livrou Franklin da prisão, já que possuía o documento que o incriminava, mas decidiu por rasgá-lo.
As irmãs Júlia e Yolanda, depois de tanto se confontarem pelo amor de Marisa, travam um duelo final corpo a corpo, na inauguração do clube de Alberico e Jofre, e no final, fazem as pazes, em uma cena antológica.

Como podemos observar, a novela apresentou vários personagens consistentes e bem delineados. Muitos deles tristes, angustiados, depressivos, como Cacá, Julia, Carminha, Hélio, Áurea,e até mesmo a própria Yolanda, que mesmo sendo a antagonista, não caiu na mesmice de uma vilã de novela das 8. A novela conseguiu fugir do maniqueísmo típico dos folhetins. Ela era uma pessoa de carne e osso, com defeitos e qualidades, e lutava por aquilo que acreditava. Suas ações tinham uma razão plausível, verossímil.

REMAKE DA NOVELA?

A discoteca que dá nome à novela (sugestão de Daniel Filho) é meramente um ambiente onde as personagens se encontram, onde jovens aparecem dançando, trazendo um charme todo especial à novela.
As especulações de um possível remake da novela me fazem pensar que seja perfeitamente possível. O nome pode ser mudado, já que "Dancin' Days"não faz sentido nos dias de hoje, assim como a locação da discoteca é totalmente dispensável à trama. Mas, será que atualmente, com um público tão exigente e ansioso por tramas mais inovadoras, a história de duas irmãs, uma ex-presidiária e uma mulher da sociedade, que lutam pelo amor de uma menina, ainda renderia uma novela de sucesso?
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terça-feira, 18 de setembro de 2007

MEMÓRIAS
JOGO DA VIDA


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Estou abrindo um espaço (bem particular) para compartilhar com os leitores do meu blog minhas lembranças sobre algumas novelas que considero as mais interessantes que assisti. Apesar de procurar escrever somente aquilo que tenho absoluta certeza, as informações contidas nesse texto são baseadas na minha memória televisiva, que pode ser passível de erros. Portanto, as informações presentes nesses textos não devem servir de fonte para pesquisadores da telenovela brasileira, que aliás, não é a proposta do blog, já que as informações postadas aqui são, na maioria, provenientes de reportagens publicadas em revistas, que embora sejam especializadas em televisão, não representam uma fonte de informação 100% segura.

Qualquer participação dos leitores do blog é bem-vinda, e pode ser feita através do link "comentários", visível na parte inferior desta postagem.
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A novela que escolhi para abrir essa nova seção do blog foi "Jogo da Vida", uma das melhores novelas de Sílvio de Abreu, na minha opinião.


Novela de Sílvio de Abreu
Argumento de Janete Clair
Direção geral de Roberto Talma
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Rede Globo -1981



GANHAR OU PERDER FAZ PARTE DO JOGO DA VIDA


"Jogo da Vida" foi uma novela leve, divertida e audaciosa. Com um enredo muito bem costurado, foi uma trama repleta de personagens ricos e todos muito divertidos. Sílvio de Abreu soube alternar drama e humor como raras vezes foi visto em uma produção das 19h.


A novela teve como personagem central Jordana (Glória Meneses), que depois de muitos anos casada com Silas (Paulo Goulart), é trocada pelo empresário por uma mulher bem mais jovem, a ambiciosa Carla, mal defendida por uma Maitê Proença pouco experiente.

A novela foi meio dramática no início, por opção do próprio autor, que havia planejado explorar o drama vivido pelos personagens inicialmente, a fim de apresentá-los ao telespectador, desenhando o perfil de cada um deles, para depois imprimir a marca que o tornou famoso nas telenovelas: a comédia.

O drama nasceu não só em virtude dos conflitos vividos por Jordana por causa de sua crise conjugal com o marido, mas também por conta da figura de Dona Mena, uma simpática velhinha que acaba conquistando de Jordana todo o carinho que não teve de seus sobrinhos, que sempre a rejeitaram. Mal sabia Jordana que a tal velhinha , ao morrer, lhe deixaria uma grande fortuna escondida dentro de um cupido, e ainda um velho casarão abandonado, que futuramente seria transformado em um pensionato para garotas, onde ocorreria grande parte da ação da novela.

É justamente quando a maioria dos personagens da novela descobre a existência de uma grande fortuna (um milhão de dólares) deixada no interior de um dos cupidos que a novela toma fôlego e se transforma em uma deliciosa comédia, não faltando as típicas seqüências de ação em que o elenco todo parte "em busca do ouro".

O autor Sílvio de Abreu, antes de fazer televisão, fez várias incursões pelo cinema, trabalhando como roteirista, ator e diretor. Dirgiu algumas pornochanchadas ("Elas são do Baralho", "A Árvore dos Sexos"), e é evidente a inserção de vários elementos desse gênero cinematográfico em suas telenovelas. Na recente "Belíssima", por exemplo, o personagem Narciso, vivido por Vladimir Brichta, parece ter saído do elenco das deliciosas comédias eróticas que fizeram tanto sucesso nos anos 70. O personagem tinha todas as características dos galãs das pornochanchadas: bonito, vaidoso, desajeitado, ingênuo e metido a conquistador. Todas as situações vividas por ele na novela remetiam aos clichês explorados nessas produções cinematográficas: a fuga pelas ruas de São Paulo vestindo apenas trajes íntimos quando foi flagrado por um marido traído; a exploração dos atributos físicos do rapaz por uma mulher mais esperta que o fez posar nu para o anúncio de um produto; os freqüentes cuidados da mãe que contribuiram para o excesso de vaidade do rapaz, e ainda o velho clichê das pornochanchadas: o galã teve que se fingir de gay para não ser atacado por uma madame durante as sessões de massagem. Isso sem falar nas inúmeras encrencas em que o rapaz se meteu por causa de sua eterna fama de conquistador.

Mas em nenhuma de suas novelas Sílvio de Abreu usou tantos personagens e situações típicas das comédias eróticas dos anos 70 como em "Jogo da Vida", e várias delas faziam referência aos clássicos da pornochanchada, gênero que estava em alta no período em que a novela foi ao ar. Não faltou o galã de subúrbio que era o terror das empregadas domésticas (Mário Gomes); a empregadinha assanhada (Sônia Mamede); a professorinha sexy (Kate Lyra), objeto de desejo do adolescente (Ernesto Píccolo) que imaginava a professora quase nua em seus delírios, e ao encontrá-la, desmaiava, imaginando aquele monumento de mulher usando apenas calcinha e sutiã; a menina tímida (Cissa Guimarães) que vem de uma cidade do interior do Mato Grosso e fica horrizada com as atitudes liberais das garotas da cidade grande; a empregada safada (Elizângela) que enlouquece o patrão (Gracindo Junior) usando um uniforme cor-de-rosa bem curto para seduzí-lo (um dos truques da empregada era fingir que o pano de prato caía no chão, para então, abaixar-se suavemente para pegá-lo, ficando de costas para o patrão); e ainda o homem machista, na idade do lobo (Paulo Goulart), que troca a esposa quarentona (Glória Meneses) pela gatinha de 20 anos (Maitê Proença).

Tudo isso fez de "Jogo da Vida" um grande sucesso. É claro que a novela foi bem mais do que uma simples "pornochanchada bem comportada". Esses ingredientes todos, que apenas enfeitavam a trama, somaram-se à ótima sinopse escrita por Janete Clair, e não faltaram doses de drama, romance e aventura, nesse que foi um dos melhores trabalhos de Sílvio de Abreu, que dois anos depois escreveria um dos maiores sucessos da teledramaturgia: "Guerra dos Sexos", mas essa é outra história.



CENAS e COMENTÁRIOS

- No primeiro capítulo da novela, Jordana desce as escadas de sua casa e avisa ao marido, que está sentado em sua poltrona lendo o jornal, que vai fazer compras. O marido, sem tirar os olhos do jornal, laconicamente conversa com a mulher. Jordana fica indignada e logo inicia um discurso sobre a indiferença do marido nos últimos anos, que nem mesmo notou que a mulher estava indo fazer compras usando apenas um maiô!

- Renata Fronzi foi um grande destaque da novela fazendo a bandidona Aurélia Creonte, dona do cortiço onde Dona Mena morava. As cenas em que Aurélia maltratava Dona Mena eram muito comoventes ao mesmo tempo que divertidas, assim como a dobradinha feita por Renata e Leina Krespi ao longo da novela rendeu grandes momentos.

- Sueli Franco também estava hilária como a ambiciosa Cacilda, mãe de Carla (Maitê Proença), que fazia de tudo para que a filha se desse bem na vida; Rosamaria Murtinho estava impecável vivendo Loreta Pires de Camargo, uma socialite falida que fazia misérias com a tia Mena, mas depois correu desesperadamente atrás da fortuna deixada pela velhinha.


- Débora Duarte, que fazia uma professora de inglês que dividia o apartamento com Dóris (Kate Lyra), saiu no meio da novela. Sua personagem perdeu-se na trama e a solução foi improvisar um final prematuro. Num belo dia, deprimida, ela entre em um barco e se deixa levar pela correnteza para o fundo do mar. Tudo ao som da música "Love me Tender", na voz de Elvis Presley. Um bela cena que mostrou o suicídio da personagem, ainda que de maneira sutil.

- A cantora Olivia Newton-John participou da novela cantando seu grande sucesso da época, a música "Physical". Sua participação aconteceu durante a inauguração do Single's Bar, de propriedade dos personagens Silas e Carla.

- A cena em que as personagens da novela corriam atrás do cupido que continha a fortuna foi hilária. Tudo começou quando a empregada de Loreta, vivida por Chica Xavier, roubou o cupido, e mesmo tendo que fazer muita força para carregar o objeto pesado, fugiu com ele nas mãos, mas logo foi avistada por Loreta, que sai freneticamente atrás dela. A corrida atrás do cupido, em que grande parte do elenco da novela participou, culminou em casarão abandonado, onde o cupido passou de mãos em mãos, até que alguém o arremeça pela janela e ele cai diretamente nas mãos do mau caráter Carlito Madureira (Raul Cortez), que o segura e dança uma valsa com o cupido nas mãos, diante dos olhos atônitos de todos, que o observam pela sacada do prédio.

- Outra cena igualmente divertida foi quando Jordana e Vieira (Gianfrancesco Guarnieri) estavam sozinhos, no porão do pensionato, tentando abrir um dos cupidos com um maçarico para ver se era nele que estava a tão almejada fortuna. Os dois foram flagrados por Lívia e Gerônimo, que vêem seus pais suando, ofegantes e descompostos. Os dois logo pensam que o casal estava fazendo outra coisa naquele lugar escuro. Vieira fica mais indignado ainda quando é obrigado a ouvir as piadinhas do filho sobre o papai "garanhão".


O FINAL DA NOVELA


- O casamento de Gera (Mário Gomes) com Flávia, a "jacaroa do pantanal" (Angelina Muniz), é interrompido quando Lívia (Débora Bloch) faz uma declaração de amor e os dois fogem de bicicleta. A eterna briga do casal continua no final da novela, com os dois chamando um ao outro de "padeiro" e "lingüiceira" (Gerônimo trabalhava de padeiro no estabelecimento comercial do pai e Silas, pai de Lívia, vendia cachorro-quente quando era pobre), mas logo a briga termina quando Gera diz: "taí, até que dá um bom sanduíche". Os dois se beijam apaixonadamente.

- Vado (Gracindo Junior), depois de se separar de Rosana (Maria Zilda) por causa das armações de Mariúcha (Elizângela), volta para os braços da mulher. A empregada safada, por sua vez, vai trabalhar para uma outra família, e logo começa a atacar o novo patrão, usando suas mesmas armas de sedução.

- Carla (Maitê Proença), depois de sair sem nenhum tostão do casamento com Silas, continua ambiciosa, mas acaba com Adriano (Carlos Augusto Strazzer), o advogado responsável por sua ruína.

- Os milhões de dólares deixados por Dona Mena acabam indo parar nas mãos de Aurélia e Ilse (Leina Krespi), mas durante uma fuga, o saco que contém os dólares se rompe e o dinheiro vôa pela cidade, fazendo a festa da população pobre das vilas.

- No céu, Dr. Etevaldo (Cláudio Corrêa e Castro) se encontra com Dona Mena, e é obrigado a repetir pela última vez o bordão que o acompanhou durante toda a novela: "por favor, não me chame de Dr. Etevaldo porque eu nunca fui doutor!".

- Jordana relata a Silas, que finalmente percebeu que quer ficar com o homem que sempre esteve ao seu lado. O empresário sorri e diz: "eu, claro". Jordana corrige o ex-marido e o surpreende: "Não, o Vieira". Silas sorri cinicamente e diz que Vieira, a essas alturas, está bem longe, embarcando em um transatlântico para sua terra natal, Portugal. Jordana parte desesperadamente atrás do amor de sua vida, de helicóptero ou de lancha? Não lembro. Mas isso não importa. O importante é que ela o alcança e os dois vivem felizes para sempre porque no jogo da vida o verdadeiro amor sempre vence!

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Guilherme Staush





terça-feira, 10 de abril de 2007











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CHAMPAGNE
UM BRINDE AO FRACASSO!

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Cassiano Gabus Mendes, autor de inúmeros sucessos como "Elas por Elas", "Que Rei Sou Eu?", "Marron Glacé" e "Anjo Mau", não poderia ter tido uma pior estréia no horário nobre. Sua "Champagne" foi uma das piores atrações das 20h na década de 80. Uma trama sem novidades e muito mal costurada. Uma atração nada nobre para o horário e sem o gosto de festa sugerido pelo título.

Para prender o público, logo no primeiro capítulo o telespectador assistiu em cenas de flashback a um assassinato que ocorre durante uma festa nos anos 70. O resto é novela, ou melhor, um novelo que se desenrolou por 167 capítulos para que a ponta, a revelação do assassino, fosse encontrada somente no último capítulo. Vale lembrar que naquele mesmo ano, Ivani Ribeiro já havia "enrolado" o público com o suspense "Quem matou César Brandão?" em sua "Final Feliz", bem mais emocionante, diga-se de passagem.

Mas um outro suspense também chamou a atenção do telespectador na novela "Champagne". As quatro amigas vividas por Dinah (Marieta Severo), Tereza (Ilka Soares), Gilda (Isabel Ribeiro) e Verônica (Maria Isabel de Lizandra) reuniam-se constantemente para compartilhar seus dramas familiares. A revelação feita por Verônica de que seu marido Ronaldo (Carlos Augusto Strazzer) tinha uma amante imprimiu um novo clima de suspense à trama. Mal sabia ela que a amante em questão era uma de suas próprias amigas. Mais um novo suspense que só é revelado no capítulo final, quando Ronaldo termina tudo com sua amante. Na cena derradeira, o telespectador só vê as mãos da suposta amante e ouve seus diálogos monossilábicos e chorosos. Ao sair do escritório de Ronaldo, a câmera acompanha os passos da mulher em direção ao carro e por fim começa a subir ao encontro do rosto da atriz, quando é revelado que Dinah, personagem de Marieta Severo, é a amante de Ronaldo.
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Guilherme Staush
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VÍDEO
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Um novo suspense: Verônica (Maria Isabel de Lizandra) revela que Ronaldo tem uma amante, espalhando um clima de mal-estar entre suas amigas.
O interessante desta cena é que Dinah, a amante em questão, parece mesmo ser a mais preocupada com a revelação da "amiga".
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Ou no Youtube
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sexta-feira, 2 de março de 2007





Novela de Cassiano Gabus Mendes
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Rede Globo - 1977













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As "locomotivas" Ilka Soares, Teresinha Sodré, Lucélia Santos, Aracy Balabanian, Eva Todor, Elizângela, Thaís de Andrade, Maria Cristina Nunes e as meninas Myrian Fischer e Gisele Rocha.
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Um grande sucesso contado a partir de um fiapo de história.
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por Guilherme Staush

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A ABERTURA DA NOVELA
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A abertura da novela é antológica. Uma das melhores de todos os tempos.
Ao ritmo de "Maria Fumaça", da banda Black Rio, uma modelo é maquiada por dois cabeleireiros em velocidade acelerada, acompanhando o ritmo de uma maria-fumaça. Ao final, a modelo levanta-se e corre em direção a câmera, dando um soco com uma luva de boxe vermelha. Inesquecível!







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A NOVELA



Locomotivas foi um grande sucesso de Cassiano Gabus Mendes. Apesar de a novela ter tido uma história fraca e mal-costurada, o charme do elenco e a produção caprichada sustentaram a trama até o fim. As cores, uma novidade nas novelas das 7 ("Locomotivas" foi a primeira novela totalmente em cores do horário) eram o maior atrativo nos figurinos do final dos anos 70. As cores quentes predominavam, principalmente o vermelho, o amarelo e o laranja. As calças jeans em tom colorido estavam "na crista da onda".

O pilar que sustentava a novela era composto pelo trio de personagens principais: Milena (Aracy Balabanian) que mantinha um segredo sobre a maternidade de Fernada (Lucélia Santos), uma das filhas adotadas por sua mãe, Kiki Blanche (Eva Todor), mas que na verdade era filha da própria Milena. As duas eram apaixonadas pelo mesmo homem, Fábio (Walmor Chagas). Só então no último capítulo, o próprio Fábio revela à Fernanda que Milena é sua mãe. A moça, num gesto nobre, deixa o caminho livre para a mãe e dá o namorado de mão beijada para ela. Assim todos os conflitos se acabam e todos vivem felizes para sempre.

O salão de beleza de Kiki Blanche (Eva Todor) era o núcleo mais divertido da novela. Era lá que todas as tramas da novela eram entrelaçadas e onde a fofoca sobre as personagens da novela rolava solta. Lá trabalhava a manicure Gracinha (Maria Cristina Nunes), filha de Vitor (Isaac Bardavid), um homem grosseiro e dono de um boteco bem vagabundo. Casado com Joana (Eloisa Mafalda), ele vê sua vida tranasformada após a chegada de um parente distante da mulher, o português Machadinho (Tony Corrêa), que acaba transformando o boteco que está jogado às traças em um bem frequentado barzinho noturno, o "Tio Joana", com direito a um jukebox e tudo mais!

Netinho (Denis Carvalho) é um rapaz solteiro de 30 anos, que se envolve ao mesmo tempo com duas mulheres: Patrícia (Elizângela), a moça de família rica que ele salva de um afogamento na praia, e Renata (Thaís de Andrade), outra filha adotada por Kiki, uma moça ciumenta e insegura. Mas é Celeste (Ilka Soares), uma mulher mais madura e vizinha de Netinho, quem rouba o coração do rapaz, para desgosto de sua mãe, Dona Margarida (a impagável Mirian Pires), a mãe super-protetora que se comporta como um verdadeiro general, fiscalizando a vida do filho.



Um momento de destaque na novela foi quando as atrizes Elizângela, Aracy Balabanian, Thaís de Andrade e Lucélia Santos, todas caracterizadas de vedete apresentam um número do teatro de revista para a aniversariante Kiki Blanche, cantando: "Apaga a velinha dela, Kiki!...Apaga a velinha dela, Kiki!"
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O FINAL DA NOVELA
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Durante uma discussão, Fábio (Walmor Chagas) acaba revelando à Fernanda que Milena (Aracy Balabanian) é sua mãe. Assim foi encerrado o penúltimo capítulo da novela.
No capítulo final, o primeiro bloco é encerrado quando Fernanda chega em casa para "acertar as contas" com a verdadeira mãe.
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No bloco seguinte, Fernanda entra no quarto e conversa com Milena.
Aracy Balabanian conta no "Vídeo Show" (2004) como foi fazer a cena final da novela.
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Fernanda deixa o caminho livre para Fábio e Milena, e termina nos braços do português Machadinho (Tony Corrêa); Gracinha (Maria Cristina Nunes), após inúmeras intrigas feitas por sua "amiga" Lurdinha (Teresa Sodré), acaba perdendo o português por não confiar no rapaz, um sujeito honesto e de bom caráter. Gracinha acaba se acertando com Paulo (João Carlos Barroso), outro filho adotivo de Kiki.
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Patrícia (Elizângela) depois de passar a novela inteira tentando fazer os pais aceitarem seu namoro com Paulo (o pai era contra porque teve um caso com a vedete Kiki no passado), finalmente consegue fazer com que seus pais aceitem seu namoro com o rapaz, mas Patrícia resolve não se casar com ele no último momento. Na verdade, a moça gostava mesmo era de Netinho (Denis Carvalho). Após o cancelamento do casamento, ela conhece Marco Aurélio, um amigo milionário da família com quem os pais sempre quiseram ver a moça casada. Todas as vezes que Marco Aurélio visitava a família, Patrícia nunca teve a oportunidade de encontrá-lo. Ela achava que o tal amigo da família era um sujeito mais velho, gordo, feio e careca. Durante toda a novela somente o cachimbo que o personagem usava era mostrado nas cenas, dando um ar de suspense (quem ou como seria o tal Marco Aurélio?). Para espanto de Patrícia, ele era um príncipe encantado, charmoso, gentil e educado (interpretado por Pedro Aguinaga, um dos modelos mais cobiçados da década de 70). Os dois trocaram olhares e repetiram a frase: "Foi sempre difícil encontrar você"..."É, é muito difícil falar com você"... e para felicidade dos pais, os dois terminam juntos.
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Renata (Thaís de Andrade) perde Netinho para Celeste (Ilka Sares), que acaba sendo aceita por Margarida, a mãe autoritária do rapaz. Acaba sobrando para Cássio (Roberto Pirilo), o melhor amigo de Netinho, que sempre foi apaixonado por Renata. Os dois terminam juntos, ao som da música "Conversation", do brasileiro Morris Albert.
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Milena (Aracy Balabanian) termina nos braços do amor de sua vida, Fábio (Walmor Chagas) ao som de "Sorrow", do também brasileiro Michael Sullivan.
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...E todos vivem felizes para sempre até que a morte um dia os separem.

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F I M
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