terça-feira, 14 de agosto de 2007



BOLINHA, UMA PÁGINA COLORIDA DA TV
Escrito por Eduardo Elias
Publicado no jornal O Estado de São Paulo (05/07/98)

Estilo escrachado do apresentador, morto na quarta-feira, fez sucesso durante mais de 30 anos Escrachado, agitado, brega, espontâneo, polêmico. Muitos foram os adjetivos que definiram Bolinha durante os 31 anos em que ele atuou na TV. Mais do que tudo isso, o apresentador foi um fenômeno. Ao lado de Chacrinha, foi responsável por um estilo que marcou época.

Bolinha morreu na quarta- feira (02/07/98), aos 62 anos, depois de lutar por três anos contra um câncer no aparelho digestivo. Deixou duas filhas. E uma legião de fãs que acompanhavam semanalmente as atrações e os concursos de seu programa, com o inconfundível reforço de suas dançarinas, as boletes. Só na Bandeirantes, de onde saiu do ar em 1994, Bolinha comandou seu programa por 20 anos. Trabalhou também na Excelsior e na Record.

Filho de sírios, Edson Cabariti (seu nome verdadeiro) foi feirante, engraxate e cobrador de ônibus. Ganhou o sonoro sobrenome Curi quando começou a trabalhar no rádio, em Araçatuba, no interior de São Paulo, aos 17 anos. Nove anos depois, em 62, mudou-se para a capital. Chegou à TV Excelsior no ano seguinte, no comando de programas de boxe e luta livre - imitando o estilo americano em que o apresentador, de terno branco e gravata borboleta, exagera na emoção. Estreou seu programa de auditório em 67, quando foi convocado para substituir Chacrinha.

Bolinha era um vendedor nato. Careca desde os 25 anos, ele convencia telespectadores a comprar uma solução capilar. "Já vendi suspensório para cobra", costumava dizer. E lucrou com isso: recebia cerca de 20% de cada comercial. Também fazia entre 10 e 15 shows por mês pelo País, com uma caravana de quase 30 pessoas. Mas não gostava de contar vantagem. "Sou um homem simples e gosto do que faço: não quero ser um defunto rico", declarou, em 90, ao Estado.

Nos dias de gravação, só tomava líquidos. Tinha 1,89 metro e chegou a pesar 146 quilos. Suava muito - e, para disfarçar, preferia usar suas folclóricas camisas coloridas. Tinha mais de 100. As más línguas diziam que ele não as lavava muito. Ele respondia que seu desodorante era potente.

Também foi Bolinha o primeiro a mostrar travestis na TV. Apesar de brincalhão (adorava fingir que era gay), apresentava o mais sério concurso de calouros da TV. Tratava candidatos como se fossem estrelas. De seu "liquidificador musical" saíram Luiz Ayrão, Jessé, Sula Miranda, Gilliard e Ângelo Máximo.


VÍDEO
Show de transformistas no quadro "Eles & Elas", do programa "O Clube do Bolinha" (1993).

Vídeo: Mofo TV

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