sábado, 11 de agosto de 2007

AS MUDANÇAS NAS ABERTURAS DAS NOVELAS
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Há quem pense que a abertura de uma novela seja o cartão de visitas da obra e que, assim sendo, indique a qualidade da mesma, mas nossa teledramaturgia não tem mostrado isso ao longo do tempo. Por um lado, tivemos aberturas belíssimas, como as das novelas "Brilhante" (1981), "Champagne" (1983) e "Os Ricos Também Choram" (2005) , cujas obras em nada refletiam a qualidade dessas aberturas. Por outro lado, novelas de qualidade inegável e de grande sucesso, como "Roque Santeiro" (1985) e "Vale Tudo" (1988) que tiveram aberturas insignificantes, sem o brilho e o êxito alcançados por essas obras.

Algumas aberturas foram modificadas ao longo das novelas, seja por ação da censura ou para imprimir uma sensação diferente no telespectador, algumas vezes acompanhando as próprias mudanças da obra, em busca de mais audiência.
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As tesouras impiedosas não pouparam os closes nas belas pernas da modelo Lenilda Leonardi na abertura de "Te Contei?" (1978), da mesma forma que uma folhinha de parreira muito intrometida tentou ocultar o belo traseiro do modelo Vinícius Manne na abertura de "Brega & Chique" (1987).
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Há casos em que a modificação da abertura se deu apenas no nível sonoro. Em "Pecado Rasgado" (1978), a belíssima canção de Chico Buarque, "Não Existe Pecado ao Sul do Equador", foi vetada no meio da novela e substituída por uma outra música instrumental. Em "Torre de Babel" (1998), a voz suave de Gal Costa tomou o lugar do arranjo vocal pesado, que caracterizava mais o tom violento dos primeiros capítulos da novela. Em "América" (2005), a horrenda versão de Ivete Sangalo para a música "Soy Loco por Ti, América" substituiu a elegante voz de Milton Nascimento cantando "Órfãos do Paraíso", dando mais agilidade à nova abertura, e mais recentemente, "Céu Cor-de-Rosa" na voz de Sidney Magal ajudou a popularizar mais a novela "Eterna Magia".
Pelos dois últimos exemplos citados, conclui-se que nem sempre as mudanças são positivas.
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Houve casos mais radicais, em que a abertura nem mesmo chegou a ir ao ar e já sofreu o veto dos mais conservadores. Em "Sinhá Moça" (1986), a bonita abertura que mostrava uma modelo caracterizada de sinhá moça e um rapaz mulato, com o dorso nu, foi considerada muito ousada, e dela restaram apenas os leques, que foram os detaques principais na abertura que fez parte da novela.
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Guilherme Staush
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VÍDEO

O programa "Vídeo Show", no final dos anos 90, exibiu uma matéria mostrando algumas mudanças sofridas nas aberturas das novelas da Globo.


Agradecimentos pelo vídeo: Willian Bressan e Fernando Shimada .
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