OS BICHINHOS DA TIA GLADYS
BICHINHOS DE GLADYS FIZEREM UMA GERAÇÃO SONHAR
Escrito por Helena Tavares e publicado pelo Jornal do Brasil (13/10/91)
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Nada de belos cenários, luzes ofuscantes e super-produção. No estúdio, apenas um painel em branco e uma câmera. Era só do que Gladys precisava para entrar no ar ao vivo, desenhando bichinhos e contando histórias engraçadas para a garotada. Seu programa começava exatamente às 19h, fazendo todo mundo brincar e sonhar com personagens como o Sapo Gogô ou a Forminguinha Gilda, de bum-bum arrebitado e rabo de cavalo. ''Digo sempre que tinha muita audiência porque me apresentava antes do Repórter Esso, a grande vedete do momento'', conta Gladys com modéstia.
O programa Gladys e seus bichinhos estreou em 1955 na Tupi. Em 63 se mudou para a Excelsior, ''onde ficou até 65. Foram 10 anos ininterruptos no ar", recorda. Tempo suficiente para Gladys aprimorar sua técnica. "No final, já desenhava meus personagens em sete ou oito segundos'', recorda. E as histórias cheias de imaginação surgiam a cada programa. "Nunca repetia. Cheguei a colecionar mais de mil episódios diferentes'', diz, orgulhosa. Segunda-feira ela fazia o programa no Rio, terça corria para São Paulo, quarta estava em Belo Horizonte, quinta em Curitiba e na sexta em Porto Alegre. Tinha apenas o final de semana para elaborar o roteiro. "Eu fazia tudo sozinha. Conseguia até meus patrocinadores especiais. Nos dias de hoje seria a chamada produção independente".
Mas Gladys se cansou do esquema do programa. "Acho que saí do ar na hora certa. Precisava me renovar e a emissora não deixava. Citavam a teoria de que em time que está ganhando não se mexe", recorda. Hoje em dia, Gladys, que já escreveu 38 livros e gravou 18 discos infantis, prefere pensar nos adultos. Com 60 anos, parou de desenhar e conta histórias para os grandinhos. Mora numa confortável casa em Piratininga, Niterói, e dirige o grupo Kaleidoscópyo, de teatro de bonecos e sombras. ''Estou escrevendo também um roteiro para cinema e uma minissérie para a TV'', antecipa. A antiga fada dos baixinhos, que começou na TV com 23 anos, só reclama da falta de cultura dos novos programas infantis. "As pessoas se preocupam com a produção e esquecem do conteúdo. Como educadora, percebo que falta cuidado ao falar com as crianças. Elas precisam ser mais bem informadas. Nada de mandar comprar esse ou aquele produto'', avisa Gladys, que confessa: ''agora só conto histórias para os meus netos''.
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Não foi possível encontrar informações atuais sobre a Tia Gladys.
Se alguém tiver notícias dela, por favor informe através dos comentários desta postagem.
Agradeço as colaborações!
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2 comentários:
Coincidentemente descobri hoje, 21/04/2009, que foi feito um curta metragem sobre a "Tia Gladys". A cineasta é Marina Pessanha e seu documentário está sendo exibido nesta semana na mostra competitiva do Festival de Gramado. Vide (www.folhanit.com.br/677/gladys.htm).
Sem dúvida, nós que vivemos essa época, temos motivos para sentirmos saudades! Pena terem sido programas ao vivo e não podermos encontrá-los em DVD para comprar, guardar e recordar...
Parabéns pelo blog! A memória se conserva através de pequenos gestos.
Soube deste site pela própria -e maravilhosa- Gladys, que hoje (dezembro de 2009) vive em São Paulo, com o marido, a filha e dois lindos netos. Ficou feliz com a notícia e lembra de Helena Tavares, a autora do texto.Continua brilhante e criativa. Minha filha Marina, que teve aulas de teatro com ela, na escola, fez o documentário citado, premiado em Juiz de Fora e exibido em Portugal e na Austria.É uma justa homenagem a quem nos trouxe tantas alegrias...
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