Antes do Recnov, a emissora já produzia suas tramas, com relativo sucesso.
por Duh Secco
Os altos e baixos pelos quais a atual fase de dramaturgia da Record tem passado não soam inéditos para os executivos do canal. Em outros tempos, antes da transferência de seu núcleo de dramaturgia para o RecNov, no Rio de Janeiro, a emissora levou ao ar tramas de textos de fácil assimilação para o grande público, com elencos pontuados pelas presenças de ex-globais (tal e qual acontece hoje), e produção modesta, de acordo com o momento da Record na época.
Bianca Rinaldi, protagonista de A Escrava Isaura. |
De fato, autores, elenco e produção de Máscaras, além dos diretores de dramaturgia, estão empenhados em reerguer a trama. Diferentemente do que aconteceu em 2001, quando a emissora resolveu jogar a toalha diante dos baixos índices de Roda da Vida, a terceira produção própria do canal naquele período, após três coproduções com produtoras independentes.
A primeira destas três coproduções foi Estrela de Fogo. A terceirização da teledramaturgia da emissora se deu após os baixos índices de Canoa do Bagre, produção de 1997 que havia reativado o núcleo de dramaturgia da emissora, 20 anos após a última produção do canal, O Espantalho. Estrela de Fogo foi produzida pela VTM, e escrita por Yves Dumont, jornalista e executivo da Gessy Lever, que havia estreado na carreira com uma minissérie bíblica também produzida na VTM e exibida pela Record, O Desafio de Elias. Produção country focada na rivalidade de duas famílias, Estrela de Fogo apostou em cenas românticas, na paisagem bucólica, e no campo moderno que ganhava espaço no interior de São Paulo. A novela foi bem na audiência e ganhou uma segunda fase, focada na disputa política que se deu entre as duas famílias rivais da trama, os Alvarenga, de início, comandados por Gustavo (Fúlvio Stefanini) e depois por Maurício (Nico Puig); e os Gomes de Oliveira capitaneados por Tadeu (Luiz Guilherme), o vilão da trama. Nesta segunda fase, surgiu a boa vilã interpretada por Bia Seidl, Luciana, que vivia um jogo de gato e rato com Tadeu.
O casal Letícia (Karina Barum) e André (Maurício Mattar); Vera (Suzy Rêgo), Soninha 38 (Ingra Liberato) e Carla (Cássia Linhares): trama dominada por mulheres. |
O padeiro Pão Doce (Eri Johnson), comédia sem graça; o bom rapaz Júlio (Fausto Maule), morto pelo assassino misterioso; e Daniela (Mylla Christie) e Toninho (Jorge Pontual), o casal protagonista. |
O elenco de Marcas da Paixão na Fazenda Fantasia, um dos principais cenários da novela. |
Após o fraco desempenho de Tiro & Queda, a Record suspendeu sua parceria com produtoras independentes e decidiu investir sozinha em suas novelas. Durante três meses, reexibiu minisséries de seu acervo, até que Marcas da Paixão, novela de Solange Castro Neves, estivesse pronta para estrear. A trama foi planejada em meio a uma intensa briga judicial com a Globo, pelo título Laços de Família, pensado por Solange para a sua novela, mas que acabou ficando nas mãos de Manoel Carlos, e se tornou um sucesso no horário nobre global. Na Record, Marcas da Paixão também se saiu muito bem para os padrões da emissora naquele momento. Na história, as irmãs Cíntia (Vanessa Lóes) e Guida (Carla Regina) eram obrigadas a morar em uma fazenda para assim terem direito à herança do pai que não haviam conhecido, Jorge Maia (Walmor Chagas). Lá, disputavam o amor do veterinário Diogo (Carlos Casagrande) e estavam sujeitas às maldades de Dete, excelente trabalho de Irene Ravache, o grande destaque da novela. Dete não hesitava em cometer crimes, que envolviam os mais diferentes artifícios: de mel envenenado a cobras postas em lugares estratégicos, até a morte de uma de suas funcionárias, Zoraide (Cissa Carvalho). Marcas da Paixão tinha um núcleo situado em São Paulo e outro na Bahia, onde se situava a fictícia Barro Alto. Lá, viviam Wilma (Jussara Freire), a mãe de Guida, e sua família, que contava com a excelente participação de Tânia Alves como Zefinha, irmã de Wilma. E também o desmemoriado Ivan (Eriberto Leão), desaparecido desde o acidente que tirou a vida de Jorge Maia, e acolhido pelo sertanejo Adrião (do ótimo Antônio Petrin) e sua namorada, Marinalva (Lady Francisco).
Letícia (Patrícia de Sabrit) e Aquiles (Alexandre Barilari): no final, Letícia prefere abandoná-lo e fica com Lucas (Dalton Vigh). |
Alex (Emílio Orciollo Neto), um dos destaques de Roda da Vida: de viciado à amor da sertaneja Cidinha (Adriana Garambone). |
Apesar de ter em suas mãos diversas sinopses, como Silêncio da Mata, de Solange Castro Neves, e Cafezais, de Vivian de Oliveira, a Record preferiu não produzir uma substituta para Roda da Vida. Houve ainda uma conversa do diretor de dramaturgia da emissora na época, Del Rangel, com o político José Sarney, na intenção de se adaptar o seu romance, Norte das Águas, que também não foi em frente. O núcleo de dramaturgia da emissora seria reativado em 2004, com A Escrava Isaura, após uma mal sucedida parceria com a Casablanca, que levou à produção da malfadada Metamorphoses. Da novela, adaptada por Tiago Santiago a partir do romance de Bernardo Guimarães, até os dias atuais, a dramaturgia da Record passou por altos e baixos, bons e maus momentos, como o atual. Fica a torcida para que possa viver dias melhores, como os do final dos anos 90 e início da última década.
Fotos: Memória da TV, Para Recordar Novelas e Famosos e Teledramaturgia.
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