40 INTERPRETAÇÕES FEMININAS ANTOLÓGICAS DA TV Parte 3
por Guilherme Staush
21 e 22. ARACY
BALABANIAN e GLÓRIA MENEZES (Rainha da Sucata) – 1990

A reprise de Rainha da Sucata, que começou essa semana, no canal Viva, é uma excelente oportunidade para recordar grandes personagens, como a Dona Armênia, um excelente trabalho de caracterização de Aracy Balabanian, que criou vários bordões de sucesso, como: “eu vai botar predinha na chôn”, ou então, “cuidado com Renata... cobra perto dela é bicho bom”. Sua exacerbada preocupação com “suas três filhinhas” rendeu momentos bastante engraçados na novela.
Glória Menezes, interpretou
uma de suas melhores personagens na TV: a malvada e amargurada Laurinha de Albuquerque Figueroa, uma
grã-fina falida, que é obrigada a conviver com sua rival, Maria do Carmo (Regina Duarte),
debaixo do mesmo teto. Além de ver a inimiga ao lado de seu grande amor, o
enteado Edu (Tony Ramos), precisa aturar os maus modos da ex-sucateira, agora uma emergente,
e dona da “bufunfa”.
A cena do suicídio de
Laurinha é uma das mais memoráveis da teledramaturgia, quando esta, do alto do
prédio da Sucata, arranca um brinco de Maria do Carmo e se joga lá de cima,
para que sua rival seja responsabilizada por sua morte, e, assim, não consiga
ser feliz ao lado de Edu. Coisas de Laurinha!
23. RENATA
SORRAH (Senhora do Destino) - 2004
Nazaré Tedesco não poderia mesmo ficar de fora dessa lista. Uma das maiores vilãs dos
últimos tempos, “Naza pegadeira” se diferencia um pouco de suas colegas por não
ser uma vilã requintada e glamourosa, mas uma criatura de bem baixo nível, de
passado mais do que duvidoso. A loira, entre outras coisas, roubou uma criança
da maternidade para criar como se fosse filha legítima, e matou o marido,
empurrando-o do alto da escada de sua casa, além de chantagear e infernizar a
mãe verdadeira da menina, Maria do Carmo, a quem chamava pelo carinhoso apelido
de “anta nordestina”. Renata soube dosar muito bem o humor e a vilania da
personagem, e, o que poderia se tornar uma caricatura nas mãos de uma outra
atriz, acabou virando uma personagem inesquecível, inclusive servindo como
referência para outra vilã criada por Aguinaldo Silva, a Tereza Cristina (Christiane Torloni), da
novela Fina Estampa. Esta, entretanto, acabou virando uma caricatura de vilã,
sem a menor graça, e sem idéias próprias, vivendo à sombra da grande Nazaré
Tedesco.
24. SUZANA
VIEIRA (Por Amor) - 1997

Entre as pérolas proferidas
por Branca, está aquela que sintetiza todo o amor que ela sentia pelos filhos:
“E dizer que um dia ela estava se afogando, e eu mergulhei na piscina pra
salvar... bem feito pra mim agora!”, disse ela, após uma briga feia com a filha Milena (Carolina Ferraz).
25. MARIETA
SEVERO (Laços de Família) - 2000
Alma Flora Pirajá de Albuquerque, um grande nome para uma grande mulher. De
fato, a personagem de Marieta Severo em “Laços de Família” é uma das mais bem escritas
dos últimos tempos. Era uma mulher admirável pela sua praticidade em encarar os
problemas da vida, tinha qualidades e defeitos perceptíveis em várias pessoas
que conhecemos no nosso dia a dia, o que a tornou bastante humana nesse
aspecto. Mesmo não assumindo ares de vilã, ela foi a antagonista da história,
impondo vários obstáculos ao amor de Edu (Reynaldo Gianecchini) e Helena (Vera
Fischer), e ainda assim era uma mulher admirável. Uma composição fantástica de Marieta Severo,
aliada ao texto magnífico de Manoel Carlos.
Em entrevista exclusiva ao
nosso blog, o autor discorreu sobre a personagem:
“É um dos meus personagens favoritos, assim como a Marieta está entre as
atrizes que eu mais admiro e de quem sou amigo devotado. Basicamente, não me
inspirei em ninguém que possa nomear, mas num punhado de mulheres possessivas e
encantadoras, que morrem e matam por amor, mas sempre com um sorriso nos
lábios.”
26 e 27. BETTY
FARIA e ELIZABETH SAVALA (Pecado
Capital e O Astro) – 1975 / 1977


28. FERNANDA MONTENEGRO (Riacho Doce)
Vó Manuela foi um brilhante trabalho de caracterização de Fernanda Montenegro. Sem
maquiagem, figurinos paupérrimos, cabelos desgrenhados, a atriz deixou todas as
vaidades de lado, e encarnou a avó bruxa, que dominava a vida do neto e rogava
uma praga em todas as mulheres que ousassem se aproximar dele. A atriz viveu
grandes momentos de fortes cargas dramáticas nesta minissérie, adaptada da obra
de José Lins do Rego. Um dos melhores momentos de Fernanda na TV.
29. MYRIAM
MUNIZ (Dona Flor e Seus Maridos) - 1998
Dona Miloca, a mãezinha nada doce e frágil do infeliz Teodoro (Marco Nanini), foi um dos grandes
destaques da minissérie Dona Flor e Seus Dois Maridos, adaptada da obra de
Jorge Amado. A velha fez um verdadeiro estrago na vida do filho. Suas intrigas
diabólicas para separar o filho de suas pretendentes, inclusive fingindo-se
estar entrevada, em uma cadeira de rodas, na tentativa de fragilizar o filho,
renderam à Myriam um de seus melhores momentos na TV, ainda que em uma curta
participação. Nunca uma personagem tão dissimulada foi interpretada de forma
tão convincente na televisão. Um trabalho excepcional da atriz, que nos deixou
em 2004.
30. SÃO
JOSÉ CORREIA (Paixões Proibidas) -
2006

A sedutora Elisa de Mandeville, a duquesa de Ponthieu, é uma mulher que não tem
limites para o desejo, para a moral e para a ética. A personagem mostra todas
as artimanhas de que uma mulher é capaz para seduzir o objeto de seu desejo,
principalmente quando é desprezada por ele. Vingativa e amargurada, a
personagem foi um prato cheio para o talento da atriz. Infelizmente seu
trabalho foi pouco conhecido aqui no Brasil, mas entra, com mérito, na minha
lista de interpretações inesquecíveis.
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